Postagens

Mostrando postagens de 2011

OLHAR DE CRIANÇA

Imagem
Muitos olhares no espaço do papel Marajó criança cor do céu Mar e igarapé amor de anel Olhar de criança é bonito Olhar de criança é paz Olhar de criança é Deus Muitos olhares no espaço do coração Marajó criança cor do chão Mar e igarapé amor de comunhão (Cachoeira do Arari/PA, 08/ 07/ 97).

O QUE É O AMOR?

Responda-me o que é o amor? É o reflexo da lua no rio Guamá. É o barco passando no mar. É o olhar da noite do Pará... Mas me responda o que é o amor? É o abraço carinhoso dos amantes. É o beijo, é o olhar, é o aperto de mão, é a paz, a harmonia, a comunhão... Responda-me o que é o amor? É tudo, é nada, é todo, é parte. É mistério, é você, sou eu, somos nós, é ele, és tu, é ela, és vós... Mas me responda o que é o amor? É uma tarde silenciosa. É uma presença latente. É uma força na gente... Responda-me o que é o amor? É uma vida carregada de sentido. É beira de rio, é canoa, é asas, é voar, é cantar, é poesia, é sonhar, é amar... Mas me responda o que é o amor? É o teu cheiro, é o ar, é o luar. É o perfume, é a beleza, é o bar, é o frágil, é a criança, é o lar... Responda-me o que é o amor? É um sim infinito. É uma resposta concreta. É uma realidade certa... Mas me responda o que é o amor?...     (Belém, 18/ 09/ 97).

PERFUMES

Somos rosas no jardim da existência Existência de cores variadas Variadas realidades de mundos Mundos de escadas Escadas de luas Luas de espaços Espaços delicados Delicados sentimentos Sentimentos mudos Mudos gestos Gestos de rosas Rosas que exalam perfumes Perfumes eternos Eternos olhares Olhares silenciosos Silenciosos amores Amores temporais Temporais pétalas Pétalas pisadas Pisadas pelo vento Vento da história História de lágrima Lágrima do coração Coração vira mundo (São Paulo, 05/ 06/ 99).

NOITE

Minha vida é chão Semente de libertação Minha noite é direção Caminhos de atenção Minha dor é solidão Pedaços de paixão Minha noite é porão Momentos de meditação Minha alegria é canção Espaços de emoção Minha noite é caixão Trilha de renovação

DIA

Meu olhar é dia Teu amor é melodia... Meu poetar é dia Teu cantar é alegria... Minha vida é dia Tua ausência é agonia... Minha morte é dia Tua presença ardia...

TRIÂNGULO

D e D ia T udo N a Vega na L uz de T ua P resença D entro de M im F ormando M undo de M aresia U niverso de Á gua E sperança e A mor

CASA DA LÍNGUA*

Wari no meu coração livre Karitiana nas matas da Amazônia Gavião no espaço da memória Sabanê nos rios da tradição Mamaendê na oralidade do amor Kaxarari na sabedoria dos anciãos Miguele no amor moreno do céu Cujubim nas estradas nativas Kwazá nos corpos dos filhos da terra Puruborá nas alegrias da aldeia Kariri-Xocó nas artes sagradas do barro Aikanã na canção do coração Wajurú na literatura dos povos Kaiapós nas lutas por terra e pão Guaranis nas orações dos antepassados Pankararús no resgate da história * São nações ou povos indígenas – as palavras ou frases correlacioanam-se com os significados mais ou menos equivalentes dos povos ou coisas desses povos.

POESIA NOTURNA

A Inspiração brota no meu peito O silêncio da noite traz o seu encanto divino, tudo vai tomando conta: terra, mar, céu, lua, estrelas, flores, luta, paz, vinho... Meus pensamentos viajam pelo espaço da interioridade do meu eu profundo, vou deixando a luz da noite penetrar as dimensões do meu mundo... A minha existência corre veloz, mas aprendi o segredo da vida, sapiência é nascer, crescer, morrer, criar, fazer, jamais abandonar a lida... Na calmaria da noite muitas lembranças navegam nos rios de minha memória, são fatos normais, porém marcam o trajeto pequeno de minha história... A noite é uma confidente, uma amiga, uma companheira de comunhão, uma serena força e íntrinseca presença que alimenta meu coração...

NOTAS

Notas a presença de papel em linhas de poesia Notas a doce música em tom de coração Notas as veredas de flores em caminhos de horizontes Notas as pedras no infinito azul de teus olhos Notas as luzes belas que nascem nos porões da humanidade Notas as liberdades de ventos que penetram nos corações e fazem rebeliões justas

Belém Portal Planetário

Belém Portal da Amazônia Cultura de povos e nações Beleza do amor e da vida Chega de exploração Morte de rios devastação Fora os novos e velhos gringos MC Donald`s Latifundios Bispos S/A Albrás Alunorte Grandes Projetos Belém Portal Planetário Futuro da vida Biocriação do amor Chega de opressão Nunca mais Serra Pelada Carajás Morte de Paraaupebas, de Chicos e Dorothis. Belém Portal da História Liberdade pros parentes Viva a Cultura da justiça e da paz...

MEU CORAÇÃO NAVEGA VOCÊ

Meu coração carrega você Na solidão você está Pará de amor no rio de saudade As águas correm no Guamá As chuvas caem em Icoaracy... Pratinha no quadro das lembranças Belém dentro do fundo dos olhos Meu amor não passará... Pará tiver na República As águas no ver o rio As chuvas nas Docas... Pratinha igarapés mangueiras Belém dos barcos e velas Meu amor para além do mar... Meu coração navega você Na escuridão estrela Dalva

ORDA DOS LOUCOS

Eu fico na orda dos loucos, na corja dos tolos, na roda dos poetas insanos, na orla dos vagabundos, no grito silencioso das meretrizes, nos corpos dos desvalidos, na indignação ética dos excluídos por terra, pão, moradia, justiça e paz inquieta...

DE REPENTE UMA GOTA

De repente uma gota de palavra foi saindo do mar-coração, pingou em outras palavras e no desenho digital do João Boldo, entre forrós, raps, mpbs e piriquitéias dialógicas caminhamos ludicamente na rebeldia e aventura da palavra... Uma palavra gota que bate até que fura as consciências adormecidas e indiferentes... Uma gota de palavras se transforma em muitas palavras-mar...

A força da mente na bunda de um ser

As vezes sentado no vaso do poema Vagando entre letras e pensamentos Desconcerto tudo dentro de mim A força da mente na bunda de um ser revela-se contra a exploração do capital As vezes sentado no vaso revejo a força da mente e da reflexão no cotidiano da privada...que merdaaa!...

Assombração do Poema

Jogar as palavras no clarão de tua boca Olhar o rio baixar na correnteza do tempo Esperar os Josés, Marias, Gicas e Iaras. Subir no pé de vento e vagar nas horas de Deus Meu sonho na ribanceira da escolha Espelho de mim na assombração do poema Unificar prosas e lutas pra reviver as palavras A encantaria dentro do meu olhar caboco 

O REal é o que Vc não percebe

O real é o que vc não percebe Quem explica as nossas escolhas imaginárias... As nossas decisões pensadas e que não dão certo Por mais atento ao que nos rodeia nunca vemos o que não nos toca e assim deixamos de lado o real... Os olhos veem as cores e o coração as impressões dos sentimentos invísiveis...

A revolução cotidiana das mandiocas

Plantei mandiocas com meu avô desde tenra idade Fizemos muitas roças no meio das matas perto de lagos Carregamos nos aturais mandiocas para tirar farinha dágua e cantar farinhada caboca Na casa de farinha celebravarmos o culto da poeisis enquanto expressão do encontro familiar Plantei amor e respeito pelos meus parentes no aprendizado de fazer tucupy e tacacá

Sábado Santo

Quatro entre amores, paixão, macarrão. Dois homens botos e duas meninas mulheres. Noite de sonho, beijos, sem a solidão.   A vivência dos olhares, lembranças de chuvas. O frio, a saudade de pessoas e de coisas. A temperatura dos corpos e suas curvas. Sábado Santo entre doces de chocolate. Convulsão de palavras e de indecisões. Cheiros de flores, de alma, de abacates. Noite santa ao teu lado, entre quatro paredes. Quatro testemunhas da caminhada de dois a dois. Na luta, nos sonhos, no sol, na sombra, na rede.

Mais uma manhã

Mais uma manhã chega e traz o calor do sol, Minha alma procura o teu corpo, assim como o uirapuru canta na Amazônia, Meu corpo deseja-te assim como os botos nadam nos rios negros e solimões, Meu olhar busca-te no horizonte das estradas de Taipas da Águia de Aia, Nesta manhã ensolarada vejo-te radiante de luz, de paz, cheia de flores, com cheiro de rosas, Preparo-me para amar-te mais uma vez assim como o sol volta toda manhã.

Entre RoSas e BoTos uma Cartinha para Val Dantas

Hoje acordei virado boto, fui andando por aí pela cidade, avistei muitas futilidades, coisas tenebrosas deste "mundo humano", ninguém me reconheceu, apenas me olham como mais um desumano, não me importei fui viajando de ônibus e metrô, vi os prédios, viadutos, trilhos, todos corriam parece que desesperados para não perder algo, não entendi muito bem essa loucura de correr, as vezes se atropelavam entre bolsas, mochilas, carros, motos e estações de trem e metrô...Fui sentindo saudade do meu lugar, lá a gente não corre, deita-se na rede preguiçosa e deixar o tempo seguir seu rumo sem a fúria de Cronos, no meu lugar a dimensão do tempo e da vida é outro, fui sentindo vontade de navegar por entres correntezas dos rios caudalosos, quando voltava para o outro lado do rio Tietê, pude perceber o quando os humanos destroem a vida, as águas poluídas do Tietê são uma prova cabal dessa indiferença e da busca de correr para depredar a beleza da vida em sua plenitude...Hoje

aZUL E rOSa

Acordando azul, dormindo rosa Hoje eu acordei azul... Como o céu de inverno e sol de São Paulo Caminhando em meio aos malditos verbos embrulhados nas noticias de jornal Abri os braços e olhei pra cima, Senti meu rosto sendo iluminado e tocado pelos lábios vermelhos de um anjo do sul Roubei flores da dama de alta fidúcia Para presentear minha linda Fulana marginal Que a esta hora dorme cor de rosa abraçada com um lençol VAL DANTAS

DISFORIA DA PIRIQUITÉIA 2

Disforia teu corpo em escadas de algodão, penetraria tua alma com minha solidão... Piriquitéia de pulsos e epidermes na canção, conquistas mares profundos do coração... Disforia minha insanidade na tua lógica absurda como furacão, até que tu dispares chamas de vulcão...

DISFORIA DA PIRIQUITÉIA 1

Uma tênue palavra na mente, na busca existêncial do sentido dialógico do humano... Uma procura êxodo do ser em sua trajetória dialética... Uma palavra em sua aventura cotidiana promovendo a vida e a libertação...

NADOS

Houve um tempo que te procurei nos meus naufrágios e incêndios, buscando em meus nados noturnos navios encalhados e yaras encantadoras. Houve um tempo que te procurei nos cais e barcos, buscando nos meus nados matutinos esperança de pescador e os cestos de frutas frescas.

Nado Ana e Tainãn

Sou Nado entre meu amor de Ana e Tainãn Nadando nas águas da saudade e do meu amor Viajando na ilha do Marajó e dos meus sonhos de peixes alados Meu Nado no mundo da alegria e da paz reconstruindo o sonho de outro mundo possível com os MOVAS, MST, MTST, MOVIMENTOS NEGROS E QUILOMBOLAS, MOVIMENTOS DE MULHERES E MOVIMENTOS SOCIAIS DE SÃO PAULO, DO BRASIL E DA AMÉRICA LATINA. Itaguary São Paulo, 07 de Março de 2011.

DIALÉTICA

Diálogo Tensão Conflito Compreensão Paz Confusão Divergência Convergência Estrutura Revolução Teoria Experienciação Ódio Amorização Agir Oração Caos Cosmo Morte Vitalização Cruz Ressurreição (São Paulo, 21/ 08/ 99)

ENIGMA DA VIDA

Caminho sem fim  Jornada de esperança Indecisão do porvir Quem espera alcança Ordem da estrada Força bruta Ali está minha parada Ego da puta Caminho de certeza Ação de mutirão Sou a presteza Elo da paixão Ordem da decisão Trajeto da ida Passos da opção Enigma da vida Itaguary (São Paulo, 18/ 07/ 96).

ELOGIO DA AMIZADE

Um dia uma amiga me perguntou será que sou amiga? Respondi que sim e disse você é amiga e dar o seu cobertor para outro amigo. Uma amizade é feita de muitas variantes, de muitas horas,de várias épocas, de muitos frutos, de noites e dias sem espera, de reencontros de pessoas e coisas, tu és maravilhosa como amiga, sabes escutar o dedilhar dos meus tormentos e dores, alegrias e felicidades. Uma amizade se conta não pelo dinheiro, mas pela vida em compromisso e comunhão, pela luz do seu olhar que corresponde o porto de outro cais, nos barcos e velas entre as cores do amor e da vida. Itaguary São Paulo, 14 de Janeiro de 2011.

FILHOS

Um ser gerado do amor ou do erro, Uma história de amor e corações interligados, Um pedaço da carne de dois seres envolvidos na erótica da alma/corpo na estética produtiva da vida... O sentido mais sublime da opção fundamental e da escolha de toda a espécie humana, O eixo e do elo do nosso olhar e do horizonte mais dinâmico de nossa vida, O presente mais belo e caro de nossa existência... O maior dom de Deus dado no ventre de uma mulher, A graça e harmonia, compromisso e dádiva do criador para uma mulher e um homem, O ser gerado e feito do amor unitivo e procriativo, nascido da paixão e do próprio amor. Itaguary

TRISTEZA

Uma tristeza talvez seja um momento de dor existencial, As vezes por nada ou por uma causa eficiente ou negada no processo casual da vida... Uma tristeza talvez seja um movimento de percepções e desejos mal resolvidos, Uma porção de compensações e sentimentos de paz e conflitos. Uma tristeza talvez seja uma recriação do pensamento para se sair da caverna da dor e do medo. Uma tristeza talvez seja uma perda, uma fortaleza, um meio, uma forma para se libertar do condicionamento existencial permanente. Itaguary São Paulo, 14 de Janeiro de 2011.

UM CORAÇÃO MUNDO

Como se amar em meio às guerras do mundo? Como se querer nas linhas tênues da existência? Como se procurar a alma que vaga em outro corpo? Como se processar uma traição sem perdoar verdadeiramente? Como se viver em paz diante de tantos conflitos e guerras por petróleo e água? Como se reconstruir um mundo sem buscar a face do amor em cada ser humano? Como ser gente enfrentando tantas injustiças e indiferenças? Como encher o mundo do amor? Com um coração mundo cheio de amor para ser transformado em mundo coração. Itaguary São Paulo, 14 de Janeiro de 2011.

Ana Beatriz Castelhano Rodrigues

Imagem

Pai Nado e Filha Bia

Imagem