AMOR DE RIO

Era uma vez uma menina que morava numa cidade rodeada de belos rios, ela era uma Flor de Mururé e ia sempre a beira do rio vê o luar.
Numa noite a menina flor conheceu um Boto muito faceiro e fascinante, ele lhe deu um beijou. Durante  muito tempo os dois desejavam conhecer-se mais e mais...
O Boto escrevia poesias para a Flor e a Flor para o Boto, e passeavam juntos pelos rios contemplando a lua.
Desse amor nasceu um Botinho que é uma luz dos rios encantados, tão belo quanto o amor de rio...
Mas o Boto queria conhecer o mar, e viajou para outros horizontes, acabou maravilhado por seus segredos...
A Flor conhece o rio, mas não conhece o mar e no mar habita os sonhos da Flor...
Será que o Boto não sabe que a Flor gostaria de conhecer o mar, mas não troca o rio e suas marés?
A Flor ama os rios e as palavras, acha gostoso de lê na boca do Boto a expressão te amo, e até sonha com a boca e a voz do Boto dizendo: te amo Flor de Mururé!
Nesta viagem o Boto conheceu outros amores que o cativaram, deixando a Flor sem vida, sem cor. Será que ele foi enfeitiçado pela Yara?
A Flor diante da dor oscila entre a razão e o coração, e na dúvida, ainda quer o Boto e seus fascínios eróticos...
O Boto também ama o rio, que é a sua raiz ontológica, no entanto, vive no mar de pedras em busca de oportunidades.
O Boto e a Flor vivem um tempo difícil, há muito computador, televisão, vídeo cassete, restaurantes, parques, carros, por outro lado há também muita pobreza, favelas, fome, mendigos, pivetes, politicagem, falta de solidariedade e amor.
A Flor e o Boto vivem um tempo sem censura onde o corpo é uma vitrine e está nu.
O Boto e a Flor convivem com palavras necessárias, liberdade, emprego, reforma agrária, dinheiro, amor, responsabilidade...Assim como vivem convivem com palavras novas, maternidade, paternidade, e por serem novas, transmitem medo, e ao mesmo tempo alegria, pois, são as mais belas que ficaram dos dois amantes e de uma história de amor sem fim...
A Flor e o Boto sabem que o reencontro é uma esperança e a Flor mais que o Boto, sabe que a esperança é um segredo que se revela no encontro...

Poeta: Valléria Tavares

Ananindeua, 16 de Setembro de 1999.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Anel de Tucumã